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sexta-feira

Está sendo lançado o livro Internet@Humor, da Editora Virgo. O livro reúne um grande time de cartunistas de Belém do Pará até Vacaria, no Rio Grande do Sul, passando pela Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Tudo graças aos benefícios da "grande rede".

Por isso mesmo, todos os artistas de Internet@Humor brincam justamente com os computadores, a web, as soluções e os novos problemas que surgiram com essa tecnologia.

Os 24 cartunistas no livro, por ordem alfabética, são: Airon (SP), Alecrim (RJ), Alex Ponciano (SP), Antonio Eder (PR), Arionauto (RJ), Bira (SP), DaCosta (SP), Fernandes (SP), Fred (PB), Gilmar (SP), Guilherme Jotapê Rodrigues (SP), J. Bosco (PA), Krisnas (RJ), Luigi Rocco (SP), Marcio Baraldi (SP), Mastrotti (SP), Orlando (SP), Peixe (SP), Ronaldo Cunha Dias (RS), Rucke (SP), Sassá (PR), Spacca (SP), Tako X (PR) e Verde (SP).

A capa e o texto das orelhas de Internet@Humor são do (excelente) cartunista Orlando.

Este é o sétimo livro publicado pela Virgo no sistema cooperado (cada autor entra com uma verba). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 0XX-11-4226-4396


quarta-feira

Se por um acaso você ainda não tenha visto o sensacional filme Cidade de Deus, após as quatro indicações para o prêmio do Oscar, e com a subseqüênte superexposição na mídia, ainda sim, é indispensável ve-lô. Um belissimo filme com a direção do Fernando Meireles, com uma ótima história, montagem e elenco. Acima da média.

segunda-feira

Bem-vindos ao Deserto de Mumbai: Durkheim e Marx contra Weber
Francisco de Oliveira

Quem chega a Mumbai, pelas descrições dos jornalistas da Carta Maior, Flávio Aguiar à frente, bem que poderia ser recebido com a frase do filme Matrix, que se tornou título do livro de Slavoj Zizek recém-publicado entre nós: “bem-vindos ao deserto do real”. Mumbai é o real inapelável, sem utopia, tão real quanto New York devastada. Uma miséria além-Brasil, quantitativamente imensa, e para a qual parece não haver remissão; a Índia renunciou à eliminação da pobreza, seguindo o que parece ser a tendência mundial.
Depois de suas três primeiras edições em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial transferiu-se para Mumbai, a antiga Bombaim da colonização portuguesa e do longo domínio inglês na Índia. Esta não é uma mudança apenas de local: a Índia é o segundo país mais populoso do mundo, um bilhão de habitantes, precedido apenas pela China com seus 1 bilhão e 300 milhões. Com essa mudança, o FSM deu um passo decisivo para se afirmar como verdadeiramente mundial, ou pelo menos parcialmente mundial. Para evitar qualquer ufanismo apressado: isto não quer dizer que as discussões em curso concernem à enorme diversidade de uma das sociedades mais complexas do planeta.

Faltará apenas no futuro uma participação importante dos chineses, para fechar o circuito. Aqui as reticências se impõem: não está à vista uma modificação importante do ponto de vista oficial chinês, reticente para não dizer abertamente hostil, sobre a globalização e seu Fórum alternativo. Não há, na China, algo que se assemelhe ao que se chama, com certa impropriedade elástica, entre nós “sociedade civil”, que promova uma chinesização do Fórum ou uma forunização da China, e o governo chinês desde Deng Hsiao Ping é decididamente “globalizador” pro domo suo. Algum país da África também deverá estar na pauta para ser um lugar de próxima reunião do FSM.

A repetição dos temas das edições anteriores não é um defeito da reunião em curso; afinal, tratando-se da Índia, o fato de repisarem-se os temas porto-alegrenses num contexto desses deve ser visto como uma afirmação e não como esgotamento e não-renovação temática. Mas, de fato, convém fazer um balanço do que se avançou desde a primeira vez que a capital do Rio Grande sediou essa ampla utopia por um “outro mundo é possível”. Tanto do ponto de vista da globalização – usemos o termo mesmo que seja possível formular-lhe restrições -, que é seu leitmotiv de combate e agregação, quanto das proposições alternativas.

O processo de globalização segue uma marcha mais ou menos inexorável. A mundialização do capital, que é o conceito que preferem Chesnais e os que o seguem, é ao mesmo tempo mais preciso e mais restrito. Mas globalização entendida como expansão da racionalização ocidental – Max Weber, noblesse oblige – não se deteve, nem provavelmente se deterá até onde a vista alcança. É um universo em expansão na linguagem da astrofísica. A própria dificuldade de incluir a China ou de chinesizar o movimento antiglobalização já o revela. Os valores “racionais” que a forma capitalista do Ocidente criou continuam ganhando novos adeptos, formando e conquistando “corações e mentes” e moldando a forma concreta mediante os quais as sociedades fazem a conexão de sentido entre meios e fins.

Em sua alternabilidade radical, o FSM pretende ajudar a construir de fato outra “racionalidade”, substituindo o espírito do capitalismo – de novo Weber – pela solidariedade, pelos modos alternativos de vida, valorizando outras “racionalidades” mediante as quais os vários povos do mundo fazem seu cotidiano pelas suas visões cosmológicas, desentranhando a busca do lucro desses cotidianos; este é o sentido sociológico mais profundo de “religião” para Weber. Digamos que em termos das matrizes clássicas da sociologia, a obsessão alternativa do FSM é combinar Durkheim com Marx, antípodas em quase todos os sentidos e direções.

Não é um desafio qualquer. É o mesmo desafio que os socialistas de todos os tempos e todas as gerações aceitaram: o de construir outra “racionalidade”. Com uma diferença: os socialistas não queriam voltar atrás, mas avançar a partir dos patamares já alcançados pelo capitalismo. E dentro da enorme diversidade dos que fazem o movimento antiglobalização não há essa unanimidade; pelo contrário, é uma disputa entre “racionalidades”, o que para Weber já é uma dificuldade histórico-conceitual. É aqui que reside a dificuldade. Seria fácil e simples e agradável, nos termos do cepticismo pós-político que grassa, dizer que os socialistas e os mundos que provisoriamente construíram, falharam redondamente. Mas o capitalismo contemporâneo seria ininteligível sem a crítica que os socialistas fizeram, sem os mundos provisórios que ergueram como utopias alternativas, e um movimento antiglobalização como o FSM não existiria.

Reduzindo-se o alcance de um “outro mundo é possível”, pode-se constatar que a forma da expansão galáxica da globalização dos anos 90 entrou em crise; a forma neoliberal, digamos. Até mesmo porque a crítica de Porto Alegre abateu-se como “água mole em pedra dura” sobre os problemas multiplicados pela intensa desregulamentação neoliberal, as agressões ao meio ambiente, a destruição de culturas, a anulação dos Estados-nações, a exponencialização da pobreza e uma longa lista de “heranças malditas” deixadas pela vaga que teve na Mrs. Thatcher sua certidão de nascimento e na atuação das agências supranacionais – FMI e OMC – suas executoras mais implacáveis; respaldadas, evidentemente, pelo Estado norte-americano. Mas convém de novo não exagerar: mesmo correntes políticas antes abertamente antineoliberais foram convertidas a esse credo, como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva o atesta, como a miséria impactante das ruas de Mumbai não deixa de testemunhar ante os olhos dos participantes do Fórum do “admirável mundo novo” que encontram, por enquanto, uma espécie de set de filmagem da novela de Aldous Huxley : os dalit, os “intocáveis” da Índia ali estão, são 10% da população indiana. E como o crescimento a taxas de 10% anuais da China deixa uma longa coorte de desastres ambientais e humanos hoje de difícil mensuração, tanto porque o governo chinês fecha-se a qualquer investigação, quanto porque o gozo dos capitais que encontram na China o melhor ambiente ajuda a mistificar o novo milagre da velha civilização.

Essa crise do modo neoliberal do capitalismo não é, entretanto, a certidão de óbito do sistema. Há certamente, o que se constata desde Porto Alegre, algo que unifica os hoje reunidos em Mumbai: são intensamente anticapitalistas, mas como já se anotou também, isto não os torna unidos em torno de proposições alternativas. A rota da derrota do neoliberalismo, se é que de derrota se trata, constrói-se com a agressão ao Iraque e todos os esgares prepotentes de Bush e sua canalha. Faltam muitos Mumbais ainda para dar o salto em direção não apenas ao pós-neoliberalismo, mas à rica diversidade de experiências transformadas em alternativas ao deserto do Real. Aviso ao imperialismo: já começamos.


sexta-feira

Segue uma tira, sempre bem legal do cartunista Laerte (SP) com seu personagem "Gato branco" em uma noite musical.

quarta-feira

O papel estratégico da Universidade
Erick da Silva*

A universidade brasileira passa por uma crise de identidade, onde muitas vezes ela se torna obsoleta e inadequada a realidade. Isto tem decorrência na própria história e formação da universidade no Brasil, a sua construção e implementação é coerente com a própria formação do país, tendo o autoritarismo e a exclusão como marca.
Pensada e executada por poucos e para poucos, a universidade tem passado por uma série de transformações que não partem de uma lógica de rompimento com essa tradição, muito pelo contrário. Durante a ditadura militar, a universidade brasileira passou por fortes reformas que, entre outras coisas, propiciaram a expansão desenfreada do ensino pago no país, a custa de um gradual desmantelamento das universidades públicas. Onde já naquele período, setores da ditadura militar pensavam na educação não enquanto direito social e dever do Estado e sim enquanto um privilégio ou mesmo um serviço, se transfigurando nos anos noventa em pura mercadoria geradora de lucros, na visão de setores da elite do país durante o governo FHC.
O prejuízo causado pela implementação de tais idéias de ensino é evidente. Qualquer perspectiva de desenvolvimento sócio-econômico para o país fica seriamente comprometida sem que haja um verdadeiro investimento e priorização do ensino no Brasil. Muito disto passa por se superar todas as agruras herdadas desde a ditadura militar, passando-se imediatamente a construção de uma nova universidade.
Quando se pensa no papel da educação e em especial da universidade pública brasileira, é fundamental ter por perspectiva o lugar estratégico dela na sociedade. Pensar a educação não como mero instrumento de qualificação de mão-de-obra, e sim enquanto direito social e mecanismo privilegiado de produção e difusão de conhecimento, de formação científica, tecnológica, cultural e humanista.
Este é a função irrenunciável da universidade junto a sociedade e é para que ela venha a cumprir este papel que o conjunto dos setores populares devem lutar. Ao travarmos esta luta, estamos buscando uma verdadeira democratização e fortalecimento da universidade no Brasil. Possibilitando melhores condições de desencadearmos uma mudança qualitativa no padrão de desenvolvimento nacional em sua totalidade.

*Erick da Silva é estudante de história na Unisinos (RS) e membro da executiva da União Estadual de Estudantes do RS (UEE/RS)

segunda-feira

Para quem ainda não viu, uma ótima dica de cinema é o ótimo Durval Discos, filme de Anna Muylaert que apesar do título, o filme não fala apenas sobre esta loja de LPs no bairro paulistano de Pinheiros, mas é lá que começa uma intrigante trama de final surpreendente.


Durval Discos - Brasil, 2003. Direção Anna Muylaert. Com Ary França, Etty Fraser, Marisa Orth, Letícia Sabatella, Rita Lee e Isabela Guasco. Duração 96 min.

quinta-feira

Existem pessoas que possuem fortes tendências ao autoflagelo, como é o caso mostrado na ótima charge abaixo, criação do Angeli.



segunda-feira

A "subversão" de Cuba e da Venezuela
Emir Sader*



O governo Bush tem razão de se preocupar com o que Cuba e a Venezuela podem fazer para desestabilizar ainda mais a capacidade de influência de seu país na América Latina. Só que o que eles chamam de "subversão" -- revelando sua nostálgica visão da "guerra fria" -- é outra coisa, mais perigosa do que qualquer ajuda econômica, treinamento de guerrilheiros ou propaganda ideológica. São coisas que os olhos viciados do cowboy texano têm dificuldade para ver.

Quando o continente vive sua pior crise social desde os anos 30 do século passado, como conseqüência da aplicação das políticas que seu governo e os organismos internacionais em que Washington tem hegemonia recomendavam como as melhores para a América Latina, o governo Bush tem razão para se preocupar. A Argentina, eleita como o melhor aluno dessas políticas com Carlos Menem, sofreu o pior retrocesso de sua história, do qual só poderá se recuperar se mantiver um ritmo contínuo de crescimento por dez anos. Menem foi derrotado pela votação do povo argentino.

O México foi o aliado privilegiado de Washington. Ingressou na Nafta como exemplo de que a integração subordinada consolidada seria o melhor caminho para os países do continente. O México retrocedeu tudo o que havia andado e muito mais com a recessão norte-americana, e Fox foi derrotado pela votação do povo mexicano em julho de 2003.

Sánchez de Lozada foi reeleito na Bolívia tendo o embaixador dos EUA como seu principal cabo eleitoral, prometendo retomar suas políticas neoliberais. Seu governo não durou um ano, fracassou estrepitosamente e o povo boliviano o derrotou e o depôs nas ruas e nos campos do país.

Alejandro Toledo, no Peru, e Jorge Battle, no Uruguai, esgotaram rapidamente seus governos, ficando à espera do fim de seus mandatos e de ser derrotados nas urnas pelos povos de seus países.

O governo chileno assinou um dos tratados comerciais mais vergonhosos que já foram subscritos no nosso continente com o governo dos Estados Unidos, um prenúncio do que seria a Alca, e que permite aos capitais norte-americanos circularem pelo Chile como se estivessem em Michigan ou na Califórnia -- ou, pior, porque alguns Estados dos EUA têm legislações que minimamente os protegem de alguns excessos, enquanto que o governo de Ricardo Lagos se entregou de pés e mãos atados aos capitais norte-americanos, renunciando à soberania que ainda restava ao país.

A Alca é derrotada dentro e fora dos EUA, como a reunião de Miami revelou, com um conse nso generalizadamente contrário aos desígnios norte-americanos de escancarar todas as fronteiras do continente para seus capitais.

Enquanto isso, Cuba e a Venezuela assinaram e colocam em prática um tipo bem distinto de intercâmbio, em que cada país fornece ao outro o que possui: a Venezuela dá petróleo a Cuba e em troca recebe remédios, técnicos em alfabetização, em medicina social, em esportes. O que se convencionou chamar de "comércio justo", aquele em que cada país fornece o que dispõe e recebe o que necessita, independentemente dos preços do mercado internacional.

Além desse "mau exemplo", os dois países privilegiam o social, deslocando o grosso de seus recursos para universalizar o direito de acesso à educação, à saúde, à habitação, ao saneamento básico, à informação, à cultura, enquanto outros governos do continente continuam a seguir as orientações do FMI e privilegiam o ajuste fiscal.

São intoleráveis para Washington os exemplos dados por Cuba e pela
Venezuela. Quando acusa o principal líder boliviano, Evo Morales, de ser abastecido por Cuba e pela Venezuela, na sua cabeça mercantilizada sempre passa o argumento de fornecimento de dinheiro, quando se trata, na verdade, do fornecimento de modelos não-mercantis de construção de sociedade e de intercâmbio entre os países.

Justas as preocupações do governo Bush. Que coloque suas barbas de molho, porque estes anos não são nada propícios à sua ideologia belicista e à sua concepção mercantil das relações econômicas. Cuba e a Venezuela são apenas a ponta de um iceberg que ressurge como resistência latino-americana à hegemonia imperial e neoliberal dos EUA.

* Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de "A vingança da História" (Boitempo Editorial) e "Século XX -- Uma biografia não autorizada" (Editora Fundação
Perseu Abramo).
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