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terça-feira

Nem continuísmo, nem desistência - refundar o PT! 

Raul Pont
Desde 1989 a sociedade brasileira debate seus impasses à luz de um projeto democrático de esquerda. Essa novidade histórica marcou o país desde então. Este projeto enfrentou resistências desde o seu nascedouro. Ao mesmo tempo só pode pretender a hegemonia por causa da imensa esperança do nosso povo, dos movimentos sociais e da presença de um partido que nunca lhes faltou em todos os campos de prova, seja no republicanismo, seja na ação quotidiana da dura luta por liberdade e condições melhores de vida, seja na construção de uma utopia emancipatória.
Com a vitória de Lula e do PT em 2002, o desafio mudou de qualidade. Mesmo sob um balanço contraditório, com um programa de governo aquém da esperança despertada e em conflito com o programa historicamente construído pelo PT, o governo Lula mantém origens e relações com a base social de trabalhadores. Temos defendido que as insuficiências e as contradições desse processo não devem nos levar a virar as costas para ele e assumir uma postura de denúncia. Ao contrário, defendemos intervir em cada conflito e no rumo geral do governo com a perspectiva do projeto democrático de esquerda que, em 1989, pode se expressar com mais clareza pela primeira vez.
Sabemos que é esse sentido emancipatório do nosso movimento histórico que incomoda. É contra ele que se voltam todas as iras das classes dominantes.
Passados quase três anos de experiência de governo central, o que está em jogo é a possibilidade histórica de manter e aprofundar um processo e um projeto democrático de esquerda hoje no Brasil. Em grande medida esse desafio se desenrola no interior do PT. E do seu desenlace depende uma parte da história que estamos construindo.
Seria ilusório, no entanto, circunscrever todo o processo às lutas internas do nosso partido; mas é falso pensar que elas não guardam relação com as esperanças do nosso povo.
O partido não se compõe apenas dos seus quadros dirigentes, dos seus militantes e dos seus filiados. Compõe-se também dos laços com seus eleitores, sua base social. É também programa e prática política. Não existe sem a sua história e a história das lutas sociais e políticas da nossa época.
Por tudo isso a questão central do momento presente é a continuidade deste partido que construímos como partido socialista e democrático. Esta continuidade, que está em questão hoje, significa também a continuidade - posta em questão também - de um projeto democrático de esquerda no país.
PT: problema e solução
Os crimes cometidos contra o partido - alguns confessados à opinião pública - viraram arma da direita contra todos nós, contra nossos eleitores, contra os trabalhadores, contra a nossa história e mesmo contra as possibilidades da época em que vivemos, marcada pela crise do neoliberalismo.
A primeira resposta a essa ameaça ainda não foi dada. Trata-se de julgar os crimes contra o partido que já foram revelados e apurar se outros não foram cometidos. Do mesmo modo que falhou na tarefa de capacitar o partido para enfrentar a o desafio de governar, a direção que finda em 18 de setembro não foi capaz de dar uma satisfação aos militantes e ao país. Essa resposta depende, agora, da nova direção que vier a ser eleita.
A segunda resposta é garantir o direito dos militantes e filiados ativos - reduzido hoje ao de eleitores - como sujeitos do processo partidário.
A tarefa de reconstruir o partido - sua estrutura organizativa, seu programa e suas utopias - passa, necessariamente, pela renovação da sua direção. Mas passa também por uma profunda crítica da nossa prática, tanto no aspecto da ação política-programática como na sua relação com os militantes e os movimentos sociais. Deve ser um processo de superação e de agregação, uma democracia participativa interna, com a presença ativa do conjunto dos petistas, da intelectualidade socialista e dos lutadores sociais do Brasil.
Por isso defendemos um processo em que os militantes não apenas votem (e deleguem poderes a uma nova direção), mas também participem - um congresso de refundação do PT , uma constituinte petista, a ser realizado no menor prazo possível após as eleições internas. Ela deve ter papel e poder para reencontrar o partido com suas origens, seus militantes, seu programa e sua base social, e, assim, fazer frente aos desafios atuais de governo. Isso não cabe apenas à direção que será eleita, mas depende, e pode cada vez mais ser resultado, de um forte movimento refundador. Esse movimento dará sua largada no dia 12 de setembro, no ato que será realizado em São Paulo, convocado por Paul Singer, Paulo Skromov e Zilah Abramo.
Em nossa visão, o processo de refundação socialista do PT envolve três objetivos conjugados: a renovação e atualização do socialismo petista; uma nova síntese programática de transformação do Brasil; a reconstrução da democracia petista, inclusive de suas organizações de base.
O PT é o problema e é a solução. Desta depende a existência de um projeto democrático de esquerda para o país. E deste depende o futuro de nosso país como nação.

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