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segunda-feira

A UNE e a crise política 


Erick da Silva


A crise política tem uma dimensão que de um modo ou de outro se faz sentir em toda a sociedade. O movimento estudantil como um todo, e a UNE em particular, não teria como ficar indiferente.
Dia 16 de Agosto a UNE em conjunto com os demais movimentos sociais que compõem a CMS estarão se mobilizado para um grande ato em Brasília. O posicionamento político que conduz a manifestação se norteia por, mais do que apontar os problemas e impasses da crise, apontar saídas concretas para a sua superação. Que se baseia no combate intransigente a corrupção sistêmica, com a apuração e punição dos responsáveis e na defesa de uma profunda Reforma Política.
Não há como se pensar em uma solução definitiva sem haver mudanças no sistema político que garanta uma maior transparência, com rigor pleno na fiscalização e que altere a relação do público com o privado. Incorporando medidas como o financiamento público de campanha, a fidelidade partidária, a lista fechada de candidatos e a pluralidade partidária. A urgência desta reforma não é apontada apenas agora, no entanto, a partir da crise, se tornou mais evidente para toda a sociedade.
A UNE defender a Reforma Política com participação popular é o posicionamento mais correto para a verdadeira superação desta crise. No entanto, não podemos deixar de detectar as limitações desta ação. A crise não atinge apenas ao Governo Lula e ao PT como alguns gostam de imaginar, mas a esquerda como um todo. Ela tem carregado consigo não uma força potencializadora dos movimentos populares, muito pelo contrário, tem se verificado um crescente sentimento de desesperança e ceticismo. Isso faz com que enfraqueça a capacidade organizativa e de mobilização dos mais diferentes movimentos populares em um cenário que já era adverso antes mesmo desta conjuntura. Os ataques da mídia burguesa não se dirigem apenas ao Governo e ao PT, mas ao próprio imaginário simbólico da esquerda no Brasil.
Outro fator a prejudicar o potencial de mudança da ação do movimento estudantil é o fracionamento na ação política. Setores do movimento estudantil que já não reconheciam a UNE (PSTU), aliados a grupos que compõem a direção da entidade, mas que divergem das posições da UNE e da CMS (PSOL, PDT) estão chamando um ato paralelo para o dia 17. Este ato, não se pauta centralmente por reivindicar mudanças estruturais que alterem o modelo, mas sim por um imediatismo com vistas a disputa eleitoral de 2006. Tentando, de maneira antecipada ao tempo político e as investigações, fazer emergir um movimento de "Fora Lula" motivado pelas denúncias de corrupção.
Os dois atos, no entanto, se assemelham em um aspecto: ambos reivindicam estar trazendo de voltas às ruas os "caras-pintadas". Se por um lado, esta lembrança faz alusão a uma das maiores mobilizações da história recente do movimento estudantil brasileiro no "Fora Collor", também não deixa de trazer carregada consigo um certo "ar" de saudosismo. O movimento estudantil deve neste momento sim buscar refletir e se espelhar em experiências passadas exitosas e combativas. Mas no entanto, ficar buscando usar o simbolismo do passado como legitimador das ações no presente não é a postura mais correta de um movimento como o estudantil.
Que tem em sua própria essência e razão de ser, uma forte capacidade de se reinventar e ousar. De buscar construir e apresentar o novo, de forma autônoma e independente.
Resgatar o acúmulo do movimento estudantil nos últimos anos, reafirmando as nossas bandeiras históricas, e passar a uma postura ofensiva nesta nova conjuntura são as tarefas colocadas. Construindo um grau mínimo de unidade no movimento. A UNE é uma entidade que reúne mais de 60 anos de história construída por várias gerações de lutadores e lutadoras sociais do país. Ainda que a entidade sofra por uma série de problemas e limitações identificados na condução da entidade nos últimos anos, dividi-la é jogar contra nossa história, fortalecer a direita na sociedade e estimular a dispersão política.
A crise não será superada com divisionismos, sectarismos e falta de ousadia. O momento é do movimento estudantil partir para a ofensiva, só assim reverteremos a conjuntura adversa com uma verdadeira superação dela pela esquerda popular.

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