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quinta-feira

O sol é uma estrela 


Erick da Silva


A astronomia nos ensina que o universo é composto por diversos corpos celestes. Alguns deles são as estrelas, astros luminosos que mantêm praticamente as mesmas posições relativas a esfera celeste. Os quais se distinguem pela sua magnitude. O Sol, astro que ilumina a Terra, é uma estrela.


Se na astronomia este é um ponto pacífico, na política pode não parecer. A analogia se faz pertinente, ao termo em vista a compreensão da simbologia colocada no imaginário brasileiro. A estrela vermelha representa o Partido dos Trabalhadores, fruto do assenso dos movimentos populares no final da década de 70 e do processo de ampla mobilização de massas que emergiu no processo de redemocratização no país. Pela sua origem em condições singulares, pela sua formação política que introduziu um ineditismo ao negar a política conciliatória da social-democracia e o estalinismo dos PCs. E se colocar como defensor de um socialismo democrático, fomentado por uma grande diversidade de posições políticas de esquerda, institucionalizada pelo direito a livre organização em tendências. O PT representa a principal construção da esquerda brasileira no século XX.

Fazendo-se este resgate, nos parece que fica ainda mais claro o limite de alcance do recém-criado PSOL. Surgido em uma conjuntura de descenso dos movimentos sociais, o que inicialmente poderia ser visto como um ato de "defesa" frente as expulsões de parlamentares que votaram contra o governo, o que também é questionável, hoje se mostra ainda mais visível seus limites e a impossibilidades de ocupar o espaço que estaria sendo deixado pela virtual "falência" do PT.

Contando com alguns parlamentares e seus respectivos apoiadores, e alguns intelectuais e pequenos grupos regionais que saíram do PT, o PSOL carece de um maior apoio social. Diferentemente do PT que foi fruto das mobilizações sociais, o PSOL nasce a partir da articulação via parlamento. Já lhe impondo um limitador fortíssimo. E politicamente já comete alguns erros históricos, que podem ser fatais. Como por exemplo, nas eleições municipais do ano passado, quando no 2° turno em Porto Alegre havia uma disputa clara entre direita e esquerda, representadas nas candidaturas de Raul Pont e Fogaça, o PSOL optou por uma postura de isenção, quando poderia optar, de maneira mais correta, por alguma forma de apoio crítico.

Ou ainda, a total ausência de uma apresentação de políticas alternativas as implantadas pelo Governo Lula, ao qual faz oposição. Ficando apenas em uma crítica de forma, faltando conteúdo. Mas o que nos parece o maior dos erros, é a sua opção por centrar a suas ações apenas para um projeto eleitoral no ano que vêm. Antes mesmo de ter um programa e um projeto de país, já tem candidatura e já estuda as eventuais alianças.

O equívoco de estabelecer a construção partidária apenas para um eleitoralismo reduzido, é um erro que o PT levou muitos anos para cometer. Ainda que de forma desigual, pois no Rio Grande do Sul, por exemplo, o PT se estruturou sob outros valores e práticas. O PSOL, que nasceu para ser diferente, já nasce cometendo os mesmos erros. Por isso que, para o bem e para o mal, o sol é uma estrela.

Erick da Silva é estudante de História


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