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terça-feira

Oh abre alas!

Fernanda Estima, Marcha Mundial das Mulheres


No dia 8 de Março, a Avenida Paulista se transformará na plataforma de lançamento para uma mensagem coletiva que mulheres de diversos cantos do mundo escreveram durante o ano de 2004. A destinatária da carta é a humanidade. E dentro do documento estão os princípios que as mulheres querem defender pelo mundo afora: igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.

Alas e alegorias com cores e adereços diferentes representarão, no asfalto da Paulista, o desfile da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, uma iniciativa da Marcha Mundial das Mulheres que dará início a um percurso mundial de protesto, denúncia e construção de alternativas pelos cinco continentes.

Para levar sua mensagem pelo planeta, a Marcha começa na Avenida Paulista uma jornada de revesamentos que levará a Carta de mãos em mãos, de região em região, de um povo a outro. De março a outubro de 2005, enquanto o documento circula, movimentos de mulheres de diferentes países pretendem realizar ações simultâneas contra o livre comércio, contra a guerra e militarização, contra o tráfico de mulheres e por soberania alimentar.
O documento pretende apresentar o mundo que as feministas querem construir, com diminuição das desigualdades, com políticas sociais universais garantidas e ampliação da cobertura dos serviços públicos de saúde, educação, saneamento básico e moradia; apresenta a violência cotidiana e a que é filha direta dos conflitos armados e faz um chamado pela paz.

Agenda radical e anticapitalista

Desde o seu surgimento em 2000 até agora a Marcha Mundial das Mulheres se consolidou como uma articulação feminista internacional. Nestes cinco anos construiu sua força e legitimidade organizando as mulheres em torno a uma agenda radical, feminista e anticapitalista. Neste trajeto sua estratégia foi fortalecer a auto-organização das mulheres combinando com a presença nos movimentos sociais. A perspectiva é a construção de um projeto de transformação da sociedade que incorpore uma visão feminista e as mulheres como sujeitos políticos.

A Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade é resultado de um longo processo de participação e convergência. Após ser debatida e modificada por grupos de mulheres em todos os continentes e pelas coordenações nacionais, foi adotada no 5º Encontro Internacional da Marcha, que aconteceu em Kigali, Ruanda, em dezembro de 2004.

O documento representa um acordo construído entre as coordenações nacionais de 50 países, dentre os quais, 35 estiveram representados em Ruanda. Coordenações nacionais, regionais, continentais a fortaleceram com afirmações e demandas que correspondem à sua realidade e momento organizativo. A Carta ganha vida em sua viagem ao redor do mundo. Ela se realiza na ação. E a própria ação muda nossa forma de ver o mundo e de como transformá-lo.

A abertura do texto já diz ao que veio: “estamos construindo um mundo no qual a diversidade é uma virtude; tanto a individualidade como a coletividade são fontes de crescimento; onde as relações fluem sem barreiras; onde a palavra, o canto e os sonhos florescem. Esse mundo considera a pessoa humana como uma das riquezas mais preciosas. Um mundo no qual reinam a igualdade, a liberdade, a solidariedade, a justiça e a paz. Este mundo nós somos capazes de criar”.

Nas ruas de São Paulo

Pelo menos 30 mil mulheres de São Paulo, do Brasil, do Quebec, Congo e Burkina Faso estarão na Avenida Paulista para o ato organizado com participação nacional dos vários setores do movimento de mulheres. São esperadas representantes de entidades sindicais, rurais, estudantes, sem teto, movimento de mulheres negras, partidos políticos. O trajeto da passeata, que sai da avenida Paulista em direção à Praça da República, será permeado por ações culturais e com as participantes dispostas em alas, cada uma delas representando os valores apresentados na Carta Mundial das Mulheres para Humanidade (ver box).

A marcha de revezamento se inicia com o lançamento das ações internacionais, em 8 de março, e termina sua viagem no dia 17 de outubro, quando ocorrerá mobilização internacional - 24 horas de solidariedade feminista mundial - na qual os países farão uma hora de ação (das 12 às 13 horas), percorrendo o sentido do fuso horário. Com esta ação as ativistas da Marcha pretendem demonstrar sua organização e capacidade de mobilização, ao mesmo tempo em que levarão às ruas as vozes e o chamado para a construção de um mundo de igualdade.

A proposta é que os países se mobilizem de março a outubro debatendo amplamente a Carta e realizando atividades. Ações simultâneas serão realizadas em torno das quatro questões definidas pelas participantes da Marcha.

Do Brasil para a Argentina

No dia 12 de março acontece a atividade Mercosul da Marcha Mundial das Mulheres, data da segunda parada da Carta, na cidade Porto Xavier (RS), na fronteira do Brasil com a Argentina. No ato as brasileiras “passam” a Carta às mulheres Argentina no Porto Internacional, às margens do Rio Uruguai, e contará com a participação de companheiras de organizações do Brasil (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Argentina , Paraguai e Uruguai.

No evento serão expostos alimentos, materiais trazidos pelas organizações, num caráter de economia solidária, além de atividades culturais, de formação, oficinas e debates, além do ato público, caminhada e plantio de árvores.

Ação simultânea: vigília contra a guerra

A partir da proposta das colombianas do Movimento Social de Mulheres Contra a Guerra da Colômbia, na noite do dia 4 de abril será realizada vigília contra a guerra. Essa será a primeira ação internacional simultânea que integra o calendário de mobilização da Marcha Mundial das Mulheres até outubro.

Na Colômbia esta jornada será realizada em áreas públicas de 14 cidades colombianas (Barrancabermeja, Neiva, Bogotá, Cartagena, Barranquilla, Popayán, Cali, Arauca, Bucaramanga, Cúcuta, Ibagué, Armenia, Putumayo, Quibdo), buscando gerar impacto social e político em favor da paz.

O objetivo é mostrar publicamente a resistência das mulheres e sua posição contra as guerras que somente causam morte e destruição e servem como tela de fundo ao saque dos recursos naturais no mundo inteiro, assim como sair às ruas para denunciar os Estados que desenham e desenvolvem a guerra contra civis indefensas, exigindo o fim da agressão.

A Marcha no Brasil também organizará uma vigília em solidariedade às colombianas e por ser a luta contra a guerra um dos temas apontados como importantes para o calendário de mobilização.

Colcha da Solidariedade Feminista

Durante a passagem da Carta cada país ou território ilustrará o mundo que queremos construir em um retalho de tecido que será costurado, juntando os pedaços de cada região iremos construir uma grande colcha da solidariedade feminista, que traduzirá em imagens a Carta Mundial das Mulheres em toda sua diversidade e seguirá como uma enorme bandeira de nossas lutas. O primeiro pedaço a ser apresentado será justamente o brasileiro, já que o lançamento da Carta será em São Paulo.

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