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terça-feira


A "nova" situação do trabalho

Erick da Silva
Muito tem se dito a respeito de situação atual do trabalhador, as condições de trabalho sobre certos aspectos evoluiu. Será que houve verdadeiros avanços?
Antes de analisarmos a situação do trabalho, resumidamente conceituaremos o trabalho. O trabalho é o ato através do qual o homem despende energia para transformar as condições que o cercam, com uma finalidade determinada. Para que o trabalho se faça possível, é necessária a ação do homem sobre matéria-prima.
Isto pode ser ao mesmo tempo um ato de emancipação - quando dirigido conscientemente para fins determinado; elaborados pelo intelecto e imaginação humana - como um ato de liberdade; ou ainda, ser um simples ato de sobrevivência, inconsciente - um meio para obter um fim imediato, que reproduz de forma cotidiana, mecanicamente, Para a grande maioria da população o ato de trabalhar tem sido isso. Um instrumento de luta pela sobrevivência, um meio e não um fim. O trabalho tornou-se meio de vida para grande maioria e meio de aglomerar riquezas.


O trabalho se torna fonte de sobrevivência precária para tantos e fonte de acumulação de riqueza para alguns. Isto se dá, quando poucos detentores de capital, não necessitam trabalhar, e sobrevivem apenas do trabalho alheio, os meios de sobrevivência para a grande maioria. O trabalho humano tem sido até aqui um trabalho alienado, esta alienação propicia o enriquecimento de um pólo, minoritário da sociedade – exatamente daquele que não produz. Esta é a alienação econômica, aquela ligada diretamente à exploração do trabalho de terceiros, vinculada à transferência de riqueza daqueles que criam para os que exploram, através das mais distintas formas, eles não decidem o que produzem, a que preço produzem, para quem produzem. Ao não possuir capital para produzir por conta própria seu trabalho, usando o poder de produção como meio para subsidiar a sobrevivência e não como um instrumento de transformação racional e consciente do meio que o cerca. A maioria dos trabalhadores não tem consciência de que ele é o produtor das riquezas da sociedade capitalista.

A luta para reverter este quadro opressor vem se dando há tempos. As condições de trabalho e a reversão da situação da exploração vigente são algumas das bandeiras históricas dos trabalhadores. Para que o capitalista possa obter riquezas ele ‘compra’ essa mercadoria cujo processo de consumo é simultaneamente um processo de criação de valor essa mercadoria é à força de trabalho humano. Através deste processo o possuidor do capital obriga o empregado a trabalhar horas excedentes, acima do valor real que produziu.
Este processo de exploração vem gerando insatisfação entre os trabalhadores desde meados do século XVIII, quando tinham que suportar jornadas de trabalho de até 18 horas/dia. A consciência da necessidade de organização foi surgindo à medida que crescia a indignação. Em todo mundo foram criados sindicatos e centrais sindicais de trabalhadores.

Em 1886, nos EUA com a palavra de ordem ‘ a partir de hoje nenhum operário deve trabalhar mais que oito horas por dia’, foi a conseqüência da 1ª Greve Geral. Reivindicando uma jornada de trabalho de oito horas diárias, os trabalhadores foram às ruas e enfrentaram a repressão policial. Dezenas de pessoas foram mortas, centenas foram espancadas e milhares foram presas.

Oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer. Era esta a principal reivindicação dos trabalhadores em 1886. Hoje, teoricamente a maioria dos trabalhadores trabalha oito horas/dia. Porém, a realidade não é assim, a exploração não diminuiu, se tem falando muito que com os avanços tecnológicos o tempo de trabalho se reduz propiciando assim uma nova economia, sendo assim, o homem finalmente terá tempo disponível para desfrutar a vida em sociedade e na família.

Infelizmente, isto não existe. O capitalismo corrói o caráter do emprego, sobretudo naquelas qualidades que une umas pessoas às outras, e dão a cada uma delas um senso errôneo de identidade. O capitalismo tardio conseguiu uma espécie de consumação final, o que havia sido idealizado pelos teóricos liberais ou pelos seus asseclas havia sido posto em prática: liberdade de mercado, diminuição da monopolização das estatais. O sistema entrando na experiência contidiana das pessoas, como sempre fez, com sucesso e fracasso, dominação e submissão, alienação e consumo. As condições de tempo no capitalismo atual criaram um conflito entre caráter e experiência.

As empresas ‘modernas’ têm experimentado inúmeros horários de trabalho. Em vez de turnos fixos, o dia de trabalho é um mosaico de pessoas trabalhando em horários diferentes e individualizados. Esse mosaico parece distante da rigorosa organização do trabalho clássico, como se a organização moderna combatesse a rotina padronizada. Mas a realização é bem diferente. Embora tenha surgido maior liberdade com relação ao turno, hoje o trabalhador está, ao contrario, envolvido numa nova trama de controle. O tempo flexível não é como o calendário de folgas, no qual os trabalhadores sabem o que esperar, tão pouco é comparável a um simples total de horas semanais que algumas empregadoras impõe aos seus empregados.

Se a flexibilização do tempo permite que o empregado trabalhe afastado da empresa em contrapartida, o põe sob controle íntimo da instituição. O modelo mais flexível das novas formas de organização, da jornada de trabalho, é o do trabalho fisicamente descentralizado. Trabalhar em casa é o último patamar do novo modelo e, é o que mais provoca ansiedade nas empresas. Paira a desconfiança que os que trabalham em casa abusam da liberdade, por isso, criou-se um grande número de maneiras de controlar o trabalho ausente.
A impressão da nova liberdade é enganosa. Exige-se que as pessoas telefonem regularmente para o escritório ou se comunique através de infra-rede para monitorar o trabalhador ausente. Os trabalhadores, assim trocam uma forma de submissão ao poder de corpo presente por outro, a submissão eletrônica.



O controle e a supervisão são muitas vezes maiores para os trabalhadores fora da empresa. A supressão do tempo livre ampliou-se, invadiu a privacidade das pessoas de maneira brutal pode-se dizer que o alcance da dominação da sociedade sobre o indivíduo é incomensuravelmente maior, todo o tempo, de toda família, é consumido direta ou indiretamente pelo trabalho. Não há tempo nem dinheiro para o lazer, nem para a vida cultural. Divertir-se é sentar-se em frente à televisão, o fim-de-semana serve apenas para recuperar as forças, para mais uma semana de trabalho. Podemos chamar isso de lazer?

É necessário discutirmos se é isso que queremos para as nossas vidas. Se é realmente esse o mundo que queremos, para onde os detentores de capital pretendem arrastar as pessoas e, ainda depois de usurparem tudo que nós conseguimos em lutas históricas?

Com os conhecimentos e as forças produtivas atuais poderiam permitir a satisfação das necessidades materiais e culturais básicas de toda a população mundial. Este problema poderá ser resolvido superando de maneira decisiva o caráter alienado do trabalho humano e, se a grande maioria das mulheres e dos homens se converterem em donos de seus destinos, de sua produção e de seu consumo, no qual todos tenham garantido o direito ao trabalho, uma sociedade mais justa e igualitária. A exploração do trabalho será reduzida positivamente, e o poderio econômico e igualmente se reverterá.

Dessa maneira, os meios de produção – máquinario, instalações, matérias-primas – seriam de propriedade democrática, ou seja, do conjunto da sociedade. Uma sociedade desse tipo choca-se frontalmente com o capitalismo, que tem na sua essência separação entre trabalho e capital, esta é o tipo de sociedade que queremos – e denomina-se socialismo. Baseando-se na socialização dos meios de produção, na decisão coletiva tomada democraticamente a respeito do que produzir, quanto produzir e para quem produzir.

Numa sociedade assim, elimina-se alienação do trabalho, fazendo dele não um instrumento de sobrevivência, mas de emancipação e libertação. Para isso, a população deve conquistar o poder de decidir seu destino de maneira consciente, livre e democrática. Este é o sentido de uma sociedade autogestionária e de uma civilização superior.


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